Goiânia: Ex-gerente de transportes afirma que denunciou irregularidades à secretária de Saúde


Depois dos depoimentos de Carlos Roberto Valadão, proprietário da Útil Pneus Peças e Serviços, e do supervisor de transportes da secretaria de Saúde, Wilson Rodrigues de Oliveira, a Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga irregularidades na Saúde em Goiânia ouviu, nesta quinta-feira (22), a ex-gerente de transportes da secretaria Maxilania Clemente Costa, que foi exonerada da função na última segunda-feira (19). Maxilania afirmou que teme perseguição dentro da Prefeitura de Goiânia, porque se manifestou contra ações da diretoria administrativa, como a prestação de serviço de empresas sem contrato com o município na manutenção da frota da secretaria de Saúde.

Segundo a ex-gerente, o atual diretor administrativo, Luiz Teófilo, teria tentado convencê-la e até apresentado a ela o dono da empresa Inovar, que faria o serviço. Ela contou que levou o caso à secretária Fátima Mrué, mas que o pagamento da manutenção foi autorizado pelo supervisor de transportes da pasta, Wilson Rodrigues de Oliveira.

Maxilania disse ainda que, após assinatura de contrato com a nova empresa que tratará da manutenção, a NEO Consultoria e Administração de Benefícios EIRELI, em janeiro deste ano, passou a se negar a assinar os orçamentos e pagamentos, que aumentaram em mais de 100%. O antigo contrato, com a empresa Útil, incluía desconto de 65% nos valores cobrados pelas concessionárias. Pelo novo modelo, a NEO consulta três empresas e contrata a de menor valor. “Com isso, a retífica de pneus, por exemplo, subiu de 18 para 42 mil reais”, afirmou Maxilania.

A ex-gerente declarou que atualmente não existe mais a figura do mecânico nomeado pela secretaria para acompanhar os serviços e orçamentos nas oficinas, o que também contribuiu no aumento dos valores de conserto dos veículos. Apoiado pelos demais membros da CEI presentes na reunião (Elias Vaz, Jorge Kajuru e Cristina Lopes), o presidente da Comissão, Clécio Alves (MDB), decidiu pedir ao prefeito Iris Rezende a suspensão do contrato com a NEO.

Secretária de Saúde

A secretária municipal de Saúde, Fátima Mrué, ouvida logo depois de Maxilania, confirmou que a ex-gerente a informou das desconfianças de beneficiamento e superfaturamento e que a teria orientado a fazer o que fosse correto e não o solicitado pelo diretor administrativo Luiz Teófilo. De acordo com ela, é importante que as denúncias sejam investigadas. Fatima destacou, inclusive, o papel da CEI nesse processo. Luiz Teófilo, segundo a secretária, negou as denúncias de Maxilania. “Não há nenhuma autorização de algo ilegal assinado por mim”, disse Fátima.

Questionada pelos vereadores sobre a situação do Cais do Finsocial, Fátima Mrué explicou que a reforma da área de atendimento de urgência e emergência é impossível sem o fechamento da unidade. A secretária salientou, no entanto, que nenhuma decisão será tomada sem ouvir a população. A vereadora Cristina Lopes (PSDB) argumentou que não tem serventia para a população da região manter o cais aberto, mas sem condições de atendimento, já que profissionais e móveis do Cais do Finsocial foram transferidos para o do Urias Magalhães, reaberto esse mês, depois de quatro anos fechado para reforma.

Para o relator da CEI, Elias Vaz (PSB), as denúncias feitas por Maxilania e levadas à secretária foram gravíssimas e o fato de ela não ter se posicionado pode ser considerado ato de prevaricação, visto que as preocupações da ex-gerente se concretizaram e houve beneficiamento da Inovar (empresa que atuou sem contrato e atualmente trabalha para a NEO, responsável pela manutenção de veículos de diversos órgãos da Prefeitura de Goiânia). A CEI deve convocar para depoimento, nos próximos dias, o diretor administrativo da secretaria de Saúde, Luiz Teófilo. A próxima reunião da CEI será segunda-feira (26), quando será ouvido o ex-secretário de Saúde Fernando Machado, que confirmou presença.

Foto: Marcelo do Vale
Por Heloiza Amaral Nogueira

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