Jogo jogado


Dizem os comentaristas esportivos que o jogo só acaba com o apito final. No recente imbróglio eleitoral de Senador Canedo esse apito, estridente demais para alguns ouvidos, foi disparado pelo ministro do TSE Napoleão Nunes Maia Filho que, em decisão tida como surpreendente, acabou deferindo a candidatura de Divino Lemes à Prefeitura de Senador Canedo. Com a decisão publicada na quarta-feira, 23 do corrente, a vontade popular expressa nas urnas vai se consolidar na cidade e a próxima gestão municipal ficará sob a responsabilidade de Divino Lemes e o vice Walter Paulo Santiago. O prefeito enfim eleito já pode encomendar o terno novo para a posse em janeiro, o que coloca um fim à incerteza quanto ao futuro próximo da cidade no plano governamental.
Walter Paulo, vice de Divino Lemes
Ainda que as hostes divinistas estejam reagindo com justificada euforia à decisão do STE, alguns números insistem em dizer que a vitória sobre os demais candidatos, a se considerar o universo dos eleitores, não foi tão acachapante assim. Afinal, os 21.382 votos conquistados por Divino Lemes representam na verdade pouco menos de um terço do eleitorado, formado por 65.611 pessoas legalmente habilitadas. Pior: os votos anulados chegaram a 25.302, que somados aos 2.069 votos nulos perfazem um inquietante total de 27.371 votos jogados no lixo.

O que incomoda nesses números? O fato de que a população de um modo geral aparenta estar pouco se lixando para o processo político, pois cresce a cada dia o sentimento de descrença diante da desenvoltura dos ladravazes que permeiam a classe. Pior para os honestos e bem intencionados, que precisam respirar os mesmos ares poluídos pela roubalheira e corrupção que proliferam por este País de Norte a Sul. Diante da evidência dos fatos, os agentes do Ministério Público e da Polícia Federal parecem querer retirar água do rio com peneiras, tamanho é o escárnio pelo dinheiro público.

Voltando a Senador Canedo, a hora é de conciliação. Se Divino Lemes conquistou um terço do eleitorado nas urnas, a partir de janeiro estará governando para a totalidade dos eleitores e, principalmente, dos mais de 100 mil moradores da cidade. Há uma enxurrada de demandas reprimidas, de expectativas não cumpridas e uma necessidade intensa e urgente de começar a resgatar as “promessas” de campanha. Como prefeito de todos os Canedenses, em que pese a multiplicidade de partidos e interesses divergentes, o prefeito agora eleito precisará trabalhar dentro de uma política de braços abertos e mãos estendidas, afeito ao diálogo e ferreamente atracado aos compromissos assumidos.



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Para um grupo de observadores, a grande questão é se Divino Lemes saberá retirar um pé da virada do século, quando foi prefeito, e efetivamente colocá-lo em 2017. Isso significa uma inegável mudança de postura e atualização de crenças, já que é absolutamente impensável tocar o Canedo de hoje com a visão administrativa da “cidadezinha” de 12 anos atrás que pouco ou quase nada oferecia a seus habitantes. Tudo mudou, inclusive as exigências da população e a pressão por resultados. E nesse “tudo mudou”, inclusive, ressalte-se a importância de um diálogo permanente com a população através dos meios apropriados. Misael Oliveira ignorou essa necessidade, ignorou a imprensa local, e pagou caro por isso.

Os primeiros indícios certamente serão perceptíveis logo na escolha de seus auxiliares. É evidente que não se exige de um técnico de futebol que saiba atuar de forma competente em todas as posições; mas é indispensável que saiba escolher o melhor jogador para cada função. Então, a pergunta agora passa de “quem poderá assumir a Prefeitura” a “como agirá Divino Lemes?”

O jogo da escolha já foi jogado. Acabou. Resta agora a vencedores e vencidos a deposição das armas de campanha e a união pelo futuro da cidade – que passa necessariamente pelo momento presente. Existem problemas que pedem soluções imediatas, e no momento só resta ao Canedense acreditar nas palavras de Divino: “Estamos felizes com a decisão do TSE e determinados a realizar uma gestão séria e comprometida para atender de forma competente os moradores de Senador Canedo”. Que assim seja.


Artigo por Antônio Spada

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