Pois bem ando, ando e preciso comprar algo que supra as necessidades e caiba no meu bolso, mas “O Preço” é implacável e não me dá trégua, entro aqui saio ali, vou acolá e nada ele sempre imponderável, resistente, inflexível, tantos adjetivos eu possa ter ainda seriam poucos para este terrível abominável. Mas preciso me compor e deixar de lado o resquício que o intransigente, malévolo me traz a mente para poder suprir a necessidade e se possível ter a ceia possível de Natal que a data tanto merece. Preciso comprar os condimentos, a farinha, o leite, os ovos, a manteiga, as passas, a ervilha, o milho verde de latinha, azeitona, acho que é isso, ah mas não posso esquecer que para ficar especial preciso de ervas finas para os condimentos hum... Bom depois de tanto andar achei um Mercado de Rede em que dá pra começar a encarar, de frente este danado, mas poxa...Poderia comprar somente o necessário, não pode...Tenho que comprar embalagens fechadas completas dos produtos que só usarei hoje...Ah que saudade do tempo de menino quando ia na venda do Seu João para buscar com cinco cruzeiros um tablete de margarina de 100 gramas, meio quilo de farinha de trigo, 3 ovos, 100 gramas de azeitonas, 50 gramas de uvas passas...É o tempo passou, são embalagens fechadas, a moeda mudou, a inflação chegou e o vilão ficou...Não vou perdoá-lo ou vou? Que culpa ele tem de estar desse jeito? São só números que consomem minhas reservas e que reservas.
É Natal, porém não vou abraçar o senhor “Preço” como se nada tivesse ocorrido até então, apesar de que ele só é consequência dos desmantelos dos donos do capital, dos donos da politica dos donos da usurpação dos menos favorecidos. E como é Natal vou fazer com os ingredientes que comprei a torta da “ceia”, mesmo a custo “Preço” absurdo. E se os responsáveis pelo capital, pela política aparecerem em casa durante a “ceia”, lhes serviremos um pedaço do perdão e nos limparemos da mágoa da servidão.
Feliz Natal!
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