Olhe, 2016 está nos últimos metros da carreira dele. Está chegando destruído, sem fôlego, empurrado apenas pela imensa torcida para que conclua logo a prova. Durante sua trajetória muita coisa mudou, aqui e em todo o mundo. Aqui foi deposta uma presidente que não era uma das mais desonestas, mas que em momento algum disse a que veio; tudo ficou nas entrelinhas, e os resultados não foram bons. Nos EUA, o país mais poderoso do planeta, conseguiu-se a façanha de se eleger um presidente sob suspeitas. A política realmente não tem explicação. Simplesmente sofre-se no corpo e na alma as intempéries de sua improbidade.
2016 contabilizou muitas perdas e danos, em todos os terrenos da atividade humana. Na indústria, no comércio, nas relações institucionais e, principalmente, nas relações familiares. Nesta área, incontáveis famílias choraram a partida de pessoas queridas, insubstituíveis. Ricas ou pobres, famosas ou não, todas se foram deixando um rastro de saudades e um buraco imenso na vida dos que ficaram e que verdadeiramente as amavam.
Ainda assim, 2016 também deixa um saldo positivo. Por aqui, a multidão descobriu o caminho das ruas que desemboca na praça da transformação. Sim, gritar, desfraldar bandeiras e bater panelas assustou os poderosos de plantão que, malandramente e para garantir os dedos, entregaram os anéis e fingiram que endossaram as manifestações que pipocaram de Norte a Sul do País.
Tudo bem. Faz parte do processo de evolução, do parto doloroso porém necessário. E lá se foram indústrias, lojas, empregos. É preciso cortar na carne para sentir dor e entender que voto é coisa séria demais para entregá-lo de mão beijada a malandros de todas as matizes. Que fique a lição.
Então, 2017, você tem mais poucas horas para concluir seu aquecimento e cair na piscina de água gelada. Mergulhe de cabeça, que vamos todos juntos das arquibancadas. Gritando, torcendo como nunca, esquentando a água com nossa inesgotável capacidade de manter acesa a chama da esperança. Mergulhe de cabeça, e nesse gesto lave nossas almas dos desenganos, das frustrações, dos sonhos corroídos e das ilusões vencidas. Durante seu percurso, leve-nos a um novo patamar. De moralidade, de ética, de fé, de amor ao próximo. Aos sobreviventes de 2016, um realizador e Feliz Ano Novo!
O Centroeste
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