Goiânia: CEI da Saúde ouve dono da empresa de manutenção de veículos e atual diretor do SAMU


A Comissão Especial de Inquérito que apura irregularidades na Saúde ouviu hoje, 22, o empresário Carlos Roberto Valadão, proprietário da Útil Pneus Peças e Serviços Ltda, que prestou serviço ao Município até 2016. Presidida pelo vereador Clécio Alves (MDB), a reunião ainda contou com a participação de Jorge Kajuru (PRP), Dra Cristina Lopes (PSDB), Carlin Café (PPS), Felisberto Tavares (PR), Elias Vaz (PSB), Anderson Sales – Bokão (PSDC).

O relator Elias Vaz já apurou indícios de superfaturamento na manutenção da frota da Saúde no período em que a Útil era responsável pelo serviço e identificou problemas no contrato com a empresa atual, Neo Consultoria e Administração de Benefícios Eireli – EPP.

Carlos Roberto Valadão prestou esclarecimentos nesta quinta-feira, 22, aos membros da CEI por indícios de superfaturamento nos serviços prestados por sua empresa. No dia 5 deste mês, Elias Vaz denunciou que, entre 2012 e 2016, a prefeitura pagou R$ 13.745.469,05 à Útil Pneus, Peças e Serviços, com sede no setor dos Funcionários, em Goiânia. A média foi de R$ 37.250 por veículo. A frota tem 369 veículos, entre carros populares (que representam 57,45% do total), e utilitários, como caminhonetes e vans, algumas usadas como ambulâncias.

O vereador Elias Vaz analisou toda a documentação relativa à Útil Pneus encaminhada pela prefeitura e descobriu que era informada uma repetição exagerada de reparos. Uma única ambulância esteve na oficina seis vezes de janeiro a agosto de 2016. Em seis meses, as polias e a correia de transmissão teriam sido trocadas duas vezes. Outro indício de irregularidade está na forma como eram preenchidas as ordens de serviço. O relato não era específico, a informação do problema era feita de forma geral.

Foi apurado que em 2016 o gasto com a manutenção dos veículos foi de R$4.551.691,61, com uma média por veículo de R$ 12.335,22. O campeão de manutenção foi um Renault Master ano 2010 placa OGR-0892 – R$ 89.977,72 de março de 2015 a setembro de 2016 (usado como ambulância, o veículo está parado na oficina há dois meses).

Carlos Roberto Valadão esclareceu ser o único dono e exercer várias funções na empresa familiar. Em relação ao processo licitatório, ele garantiu que passou, inclusive, pela Corregedoria Geral do Município e explicou que participou da licitação e venceu dando desconto de 32%. E que depois, o diretor Reginaldo Melo dizia que 32% era pouco e foi 66%. “O mercado é selvagem mesmo”, concluiu.

DIRETOR ADMINISTRATIVO DO SAMU

O atual diretor administrativo do SAMU, Wilson Rodrigues de Oliveira, que é servidor efetivo – motorista desde 2009, e foi supervisor de transportes da Secretaria de Saúde, também prestou depoimento. Ele garantiu que durante a prestação do serviço somente executava as ordens de serviço, encaminhava os veículos para as oficinas, e não tinha conhecimento dos preços cobrados nem emitia notas. Esclareceu ainda que a manutenção era autorizada pela gerente de transportes, Maxilania Clemente Costa, que também foi ouvida pela CEI.

Em relação ao excesso de reparos, o servidor disse que o motorista atestava e, às vezes, acontecia de o veículo voltar por outros motivos. Em relação aos altos gastos, ele justificou que isso ocorre, pois o veículo é adaptado para ambulâncias e os desgastes com a prestação do serviço são maiores.

Wilson Rodrigues de Oliveira garantiu que em 2009, quando ele entrou, o SAMU tinha 28 ambulâncias e hoje são 23 viaturas, sendo que apenas 11 estão rodando, um déficit de 6 veículos, já que o Ministério da Saúde sugere 17.

Por Michelle Lemes

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