Para autora do livro Pais Imaturos, Filhos Deprimidos e Inseguros, adultos precisam ter consciência dos impactos do seu próprio comportamento nas atitudes das crianças
A cena é recorrente: em meio aos corredores de um mercado a criança começa a chorar, gritar e espernear, exigindo que os pais comprem um determinado produto. Os adultos tentam, sem sucesso, acalmar o filho. Todos dentro do estabelecimento começam a observar a situação com olhares de julgamento. Neste momento, pressionados a tomar uma medida definitiva para resolver a questão, os pais acabam por gritar com a criança, reagir com agressividade ou simplesmente acabam cedendo ao apelo do filho.
Mas afinal, como saber a coisa certa a se fazer ou a se dizer em casos como este? Como ter maturidade emocional para dizer não ao seu filho e lidar com outras crises relacionadas ao comportamento infantil?
Para a psicóloga e pedagoga Tania Queiroz, autora do livro Pais Imaturos, Filhos Deprimidos e Inseguros, a maturidade emocional não é algo que necessariamente cresce com a idade cronológica: não nos tornamos emocionalmente maduros quando envelhecemos. A maturidade emocional é geralmente aprendida e não instintiva - e este é uma das principais dificuldades apontadas pelos adultos que têm a tarefa de educar uma criança.
"Só podemos vencer o mau comportamento se tivermos consciência de que se origina em nós e depois nas crianças e jovens, por isso precisamos primeiramente conhecê-los, aceitá-los, amá-los, para então transformá-los. Algumas crianças pensam que o mau comportamento é capaz de colocá-las em evidência, de se tornarem o centro da atenção dos seus pais" , alerta Tania.
A especialista reforça ainda que os filhos refletem as atitudes dos pais, aprendendo com o que fazemos e não com o que falamos. "Cada pai e mãe tem dos seus filhos exatamente o estilo de vida que fornece a eles. Os filhos reagem segundo o que veem e são ensinados através dos exemplos de seus responsáveis".
Tania ressalta entre as características dos pais que qualifica como maduros emocionalmente, a capacidade de saber dizer não, saber perdoar, não reclamar o tempo todo, possuir empatia, não castigar e nem punir quando estão no auge de suas emoções. "Conhecer e gerenciar as próprias emoções, assumir os próprios erros e as consequências das próprias escolhas e compreender o estado emocional dos filhos são habilidades que podem ser desenvolvidas e trabalhadas. Pais maduros usam a sabedoria para cativar, instruir e enfrentar as dificuldades emocionais dos filhos", reforça.
Para auxiliar pais a desenvolverem a maturidade necessária para lidar com os desafios na criação dos filhos, Tania Queiroz lista dez conselhos práticos:
1 Desenvolver autoestima e autoconhecimento
Pais precisam perceber a si mesmos, as emoções e sentimentos para chegarem às emoções e aos sentimentos de seus filhos. Precisam tornar-se emocionalmente conscientes, ou seja, ter capacidade de reconhecer e identificar as próprias emoções positivas e negativas.
2 Desenvolver autocontrole
Pais com maturidade emocional contornam a situação, são instruídos a passar pelas fases de sucesso e pelas fases de fracasso com esperança de dias melhores. E aproveitam essas lições para ensinar aos filhos que a vida não é "somente flores", como diz o ditado popular.
3 Aprender a lidar com sentimentos de raiva, medo e tristeza
A maturidade emocional tem como características o autodomínio, o que significa manter as emoções sob controle, resolver problemas com calma, coragem e sabedoria, tomar decisões, ter atitudes positivas, ser resiliente e grato. Examine-se e tente detectar se há imaturidade no seu comportamento para poder alterá-lo com o esforço da sua vontade.
4 Aprender com erros e aceitar que não é perfeito
Nada ensina mais que o exemplo e já sabemos disso, seus filhos precisam enxergar em você um pai real, de carne e osso, que está expostos a decepções, desenganos e erros. Eles poderão observar a forma que você atua no palco da vida e seguir seus passos.
5 Reconhecer e apreciar as conquistas pessoais
Quando os pais têm um mindset de crescimento acreditam que qualquer criança ou adolescente pode crescer e se aperfeiçoar por meio de dedicação e esforço, eles são mais comprometidos com o desenvolvimento de seus filhos e com o próprio. Notam melhoras no desempenho dos filhos e recebem bem suas críticas.
6 Não dramatizar os fatos da vida
Para estabelecer uma relação emocional profunda com seus filhos, é importante que eles falem para você sobre o que estão sentindo, o porque estão sentindo, de onde veio esse sentimento negativo, a tristeza, a frustração, quando tudo começou, sem se irritar, sem castigá-los caso se expressem de forma negativa ou até irada. Ouça seus filhos, seja amigo deles, evite julgamentos, depreciações e intimidações.
7 Desenvolver pensamentos otimistas
Os pais maduros aprendem, evoluem e ensinam aos seus filhos que a felicidade é fruto da vontade e está relacionada à maneira de ser no mundo, no gerenciamento das próprias emoções, na utilização das habilidades pessoais, emocionais e sociais, no otimismo, na responsabilidade com o próprio destino, no compromisso em construir uma vida mais feliz.
8 Agir mais e reclamar menos
Pais maduros ensinam que há situações em que é necessário sair da posição de rigidez, que ter razão nem sempre é uma virtude, que ceder é louvável, que palavras brandas afastam a fúria.
9 Desenvolver empatia
Muitas vezes, as crianças expressam as emoções de forma indireta, com agressividade e mau comportamento. O papel dos pais maduros é reconhecer esses sentimentos sem agredir ou punir seus filhos, mas com compreensão e amor. Ao contrário do que dizem, isso não é intencional. Por isso, entender sinais e ler comportamentos é importante.
10 Aprender a lidar com perdas e frustrações
As pessoas emocionalmente maduras experimentam dor? Sim, mas quando sofrem uma perda, elas se permitem sentir completamente a tristeza e o vazio que representa essa perda. Elas são honestas consigo mesmas quanto a seus sentimentos. Essa honestidade lhe permite avançar, superar a sua dor.
Tania Queiroz, acredita que o "Destino não é uma questão de sorte, mas uma questão de escolha; não é uma coisa que se espera, mas o que se busca."(William Jennings Bryan).
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Post: Lucieni Soares
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