Daniel Calvet |
Dança contemporânea se une à arte visual no espetáculo “Natureza Morta” do grupo Ateliê do Gesto, que será apresentado nos próximos dias 8 e 9 de agosto, 5ª e 6ª feira, em Itumbiara/Go. O encerramento da circulação do espetáculo será às 20 horas no Auditório Onofre Ferreira dos Anjos, no Instituto Federal de Goiás – Câmpus Itumbiara. A entrada é franca, mas pede-se a doação de livros literários, usados ou não. Os livros arrecadados serão doados para o Castelo das Artes. O projeto tem apoio da Lei Goyazes e patrocínio total da Enel.
A retirada de ingressos será no saguão do Auditório 1h antes do espetáculo. Os Ingressos são limitados à lotação da casa.
Neste espetáculo, que já passou por Goiânia, Campo Grande, Belo Horizonte e Cidade de Goiás, os movimentos dos bailarinos Daniel Calvet e João Paulo Gross se encontram com a obra do desenhista, escultor e pintor mineiro Farnese de Andrade, versando sobre o movimento barroco.
A obra cênica proporciona ao público uma experiência intimista e um exercício poético ao trazer o barroco, um movimento artístico que expõe os conflitos humanos que se equilibram entre a emoção e a razão, o prazer e a dor, a vida e a morte. Ainda que pertença ao século XVII, o movimento, para o diretor João Paulo Gross, pode surgir e ressurgir em outras épocas e lugares.
“Como vivemos hoje? Não somos todos uma multidão de solitários? Uma grande aldeia global, numa rede interligada, porém marcada pelo individualismo e a solidão? Mais do que apresentar resposta, Natureza Morta chama o espectador para refletir e questionar junto”, adianta o diretor e bailarino.
O espetáculo
Para provocar esses sentimentos, os bailarinos trazem para o palco a arte de Farnese de Andrade, artista de destaque na história das artes brasileiras. O trabalho é, também, um resgate, pois apesar de toda a força de sua obra e de ser um artista concorrido e premiado até os anos 1970, é pouco lembrado ou conhecido pelo grande público nas últimas décadas.
O espetáculo, Gross adianta, dialoga não só o com o trabalho do artista, mas também sua densa trajetória de vida. “Apesar de autobiográfica, sua obra parece reproduzir a biografia da humanidade. É como se ele dissesse e fizesse o que nós, no corre-corre do mundo atual, deixamos às escondidas, guardado no fundo de uma caixa deteriorada pelo tempo. Farense expõe para o mundo de forma singular um inútil relato”, detalha Gross.
O espetáculo nasceu há dez anos no Rio de Janeiro quando João Paulo Gross atuava por lá. A obra passou por palcos como Sesc Copacabana, foi ganhador da Mostra Novíssimas Pesquisas Cênicas (projeto organizado pela diretora e atriz Ana Kfouri), participou da Bienal Sesc de Dança/Edição 2009 e contou com a dramaturgia de Verônica Prates. Já radicado em Goiás, Gross o incorpora ao repertório do goiano Ateliê do Gesto em 2017. “O Ateliê é um espaço onde investimos e pesquisamos o movimento em diálogo com outras áreas artísticas”, justifica Gross sobre o espetáculo que dialoga com as artes plásticas a partir da vida e obra de Farnese de Andrade.
Circulação
A circulação do espetáculo começou em março deste ano em Goiânia, passando pela Cidade de Goiás e em seguida por Belo Horizonte e Campo Grande. A escolha das cincos cidades, diz Gross, não foi em vão.
“Todas elas têm a força da cultura popular e artistas-artesãos esquecidos pelo tempo, que assim, dialogam com a identidade produtiva e artística de Farnese de Andrade em comunhão com o movimento barroco no Brasil”, conta.
Ainda que o movimento barroco tenha se concentrado em Minas Gerais e Bahia, marcou profundamente o Brasil. “Até hoje vemos influência de suas características em muitos artistas. Isso nos faz perceber e acreditar que o Brasil como um todo respirou o movimento barroco e até hoje encontramos artesãos que no seu árduo ofício carregam em sua essência as questões barrocas na sua arte”, diz o bailarino.
Sobre o Grupo
O Ateliê do Gesto nasceu da busca por novas percepções e diálogos com outras linguagens artísticas no corpo em movimento. Através de identificações estéticas e o desejo de trabalharem num projeto autoral, João Paulo Gross e Daniel Calvet (artistas com carreiras consolidadas e passagens por importantes cias de dança no Brasil), se juntaram para pesquisar o corpo, tendo como ponto de partida o movimento e sua construção dramatúrgica na cena.
Desse encontro nasceu “O Crivo”, espetáculo inspirado na obra de Guimarães Rosa, ganhador do Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2015, do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás 2015, que circulou pelas cinco regiões do Brasil por diversas cidades e por diversos festivais internacionais. Em 2018 o grupo integrou o Palco Giratório, projeto nacional de circulação de artes cênicas, produzido pelo SESC – Departamento Nacional.
Neste ano o grupo circula com seus espetáculos de repertório “O Crivo”, “Natureza Morta”, e prepara para uma temporada de estreia da sua mais recente criação, o espetáculo “Dança Boba”, dirigido por Daniel Calvet, em Goiânia no segundo semestre.
Além dessas atividades o grupo embarca para uma circulação internacional no Equador e no Peru difundindo a dança contemporânea que produzem no estado de Goiás.
Por Ana Paula Mota - Produtora Cultural e Assessora de Imprensa - 62 9 9941-5464
Foto: Lu Barcelos
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