Janeiro: chuvas extremas
Um ano após o crime ambiental que matou 270 pessoas com o rompimento da barragem da Vale, a cidade de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, viveu um novo desdobramento dessa tragédia. A região testemunhou as chuvas mais volumosas dos últimos 110 anos, quando a medição começou. O Rio Paraopeba, que foi atingido pela lama da Vale e que atravessa a cidade, transbordou, e os rejeitos tóxicos da mineração invadiram as casas.
Em todo estado, 53 mortes foram registradas em decorrência dos sucessivos temporais daquele mês. Na capital, foram 13 vítimas. Quase a totalidade das vidas perdidas eram de moradores de habitações precárias em áreas de encostas, mostrando mais uma vez que os mais afetados por problemas ambientais no Brasil são os mais pobres.
Nos outros estados do Sudeste, as águas de janeiro também deixaram estragos. No Espírito Santo, o segundo mais afetado, 9 pessoas morreram em decorrência dos temporais e quase 9 mil ficaram desabrigadas. Os extremos de chuva estão apresentando tendência de aumento no país, e as cidades brasileiras ainda não estão minimamente preparadas para proteger sua população.
Fevereiro: água podre
Imagine que alguém te ofereça um copo de água contaminada. Agora imagine que quem está oferecendo esse copo de água venenosa é o próprio poder público? Foi exatamente essa situação absurda que os cariocas viveram em fevereiro deste ano. As águas do Rio Guandu, que abastece a cidade do Rio de Janeiro, foram contaminadas com Metil-Isoborneol (composto orgânico produzido por micro-organismos e que indica a presença de esgoto, inicialmente confundido com geosmina), e poluição industrial, deixando vários habitantes doentes.
Pesquisadores apontaram como causas da poluição a falta de saneamento básico em toda região da bacia do Rio Guandu. O Ministério Público do Rio De Janeiro abriu uma investigação, mas ninguém foi responsabilizado. Um termo de ajuste de conduta foi celebrado pelo órgão com a Cedae, companhia de abastecimento da cidade, mas a empresa não fez os investimentos necessários em tratamento de esgoto para impedir que o problema voltasse no próximo verão. Esse verdadeiro crime contra a saúde pública acabou sendo esquecido pela chegada ao país do novo coronavírus, e, atualmente, o Rio de Janeiro vive outra crise hídrica, dessa vez por falta de água em diferentes bairros.
Março: pausa na poluição
Em todo mundo, a poluição caiu drasticamente por conta dos lockdowns decorrentes da pandemia de COVID-19, paralisando indústrias poluentes e retirando os carros de circulação. Essa primeira percepção de queda da contaminação do ar foi mais tarde confirmada por um estudo que fez um levantamento das emissões anuais do planeta. Segundo essa pesquisa, as estimativas feitas até novembro apontavam para uma queda de 7% das emissões em relação a 2019 - 2,4 bilhões de toneladas de monóxido de carbono (CO2) a menos jogadas na atmosfera. O infográfico abaixo foi feito pelos autores do estudo para mostrar o choque de queda de emissões (quando os mapas dos países ficam em azul mais claro) no mês de março, que foi ao longo do ano sendo anulado.
Mas essa queda temporária não teve nenhum efeito sobre as mudanças climáticas. Funciona assim: o CO2 que é emitido hoje permanece na atmosfera por até 200 anos e nos oceanos por ainda mais tempo. Isso significa que os gases que estão elevando a temperatura da Terra nos dias atuais foram emitidos muitos anos antes (uma boa parte vem do início da revolução industrial, quando se queimava muito carvão). A Organização Meteorológica Internacional (WMO) fez esse alerta em novembro, por meio do seu Boletim de Gases de Efeito Estufa, ressaltando que as paralisações causadas pela COVID-19 não achataram a curva de emissões, que no acumulado até aumentaram este ano.
Abril: desmatamento recorde
171% de aumento no desmatamento da Amazônia em relação ao mesmo mês em 2019 -- que já havia sido alto. Até aquele momento, esse tinha sido o maior aumento de desflorestamento dos últimos 10 anos - 529 km² desmatados, um terço somente no Pará. Esses dados foram calculados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que contrastam com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que é ligado ao governo federal. Segundo o INPE, foram na verdade 63,75% de aumento em comparação com abril de 2019, o que significa desflorestação de 405,6 km² de Floresta Amazônica. Em qualquer uma das medições, a conclusão é a mesma: o maior tesouro biológico do Brasil está sendo rapidamente devorado.
Maio: grilagem não!
Um projeto de lei (PL 2633) e uma medida provisória (MP 910) foram apresentados naquele mês para tentar legalizar terras públicas que foram invadidas, a chamada grilagem de terras, principal indutora do desmatamento. Mas a sociedade brasileira disse não. Após uma intensa pressão nas redes sociais, e até o envolvimento de artistas, como a cantora Anitta, a modelo Gisele Bündchen e o fotógrafo Sebastião Salgado, os parlamentares barraram a proposta. Ufa!
Junho: gafanhotos
Em meio a tantas crises ambientais, uma perigosa nuvem de gafanhotos se aproximou do Sul do Brasil em junho, ameaçando a vegetação nativa, a produção de grãos e o pasto que alimenta os rebanhos bovinos, como já tinha ocorrido na Argentina. Os dois países conseguiram frear os insetos, mas usando uma quantidade extra de agrotóxicos.
Os fatores que levam ao surgimento de nuvens de gafanhotos na América do Sul ainda não estão totalmente claros, mas os cientistas apontam as grandes lavouras de monocultura como o principal indutor porque concentram grandes quantidades de alimento para os gafanhotos num único lugar e eliminam competidores e inimigos naturais.
Julho: inferno no Pantanal
Foi neste mês que começaram os incêndios que levaram à destruição de 29% do Pantanal, maior área de vegetação alagada do mundo. Os pesquisadores ainda não conseguiram calcular o prejuízo ambiental gerado e estudam um método para reflorestamento da região. As fotos de animais carbonizados -- jacarés, macacos, onças, aves, cobras -- rodaram o mundo e chocaram lideranças e cidadãos em toda a parte.
Em todo estado, estima-se que mais de 2 mil famílias quilombolas, pantaneiras e indígenas ainda sofram o impacto, como perda de lavouras e diminuição de peixes. Quatro fazendeiros foram indiciados pela Polícia Federal pelo início das queimadas na região da Serra do Amolar, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. O inquérito foi enviado ao Ministério Público Federal (MPF) e ainda não houve conclusão.
Agosto: sobrecarga
No dia 22 de agosto foi o dia da sobrecarga da Terra. Isso significa que a humanidade atingiu o limite de recursos que o planeta pode repor no período de um ano e vários meses antes do ano acabar. Essa data é calculada e divulgada anualmente, e o limite tem ficado cada vez mais próximo do começo do ano -- ainda que em 2020 o mundo tenha ganhado três semanas extras por conta da paralisação econômica em decorrência da pandemia.
Setembro: restingas e manguezais
Uma decisão do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) causou muita polêmica ao tentar legalizar ocupações em área de restinga e manguezais e a queima de resíduos contaminados por agrotóxicos. Como não podia deixar de ser, houve repercussão muito negativa e ações foram levadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), que reverteu as medidas em relação às restingas e aos manguezais porque elas são inconstitucionais. Já a permissão de queima de embalagens de agrotóxicos continua valendo. Especialistas dizem que a prática pode lançar no ar fuligem e gases tóxicos que são perigosos para a saúde de pessoas e animais.
Outubro: onde há fogo, há muita fumaça
Outubro registrou 17.326 focos de queimada na maior floresta tropical do mundo, o que corresponde a mais que o dobro do número de incêndios detectados na Amazônia no mesmo mês do ano passado (que já tinha sido recorde). O Pantanal registrou em outubro 2.856 focos de incêndio, o maior número já registrado na história. Os dados são do INPE.
Naquele mesmo mês, tempestades de cinzas decorrentes das queimadas assustaram os brigadistas na região do Pantanal.
Novembro: o melhor do Brasil é o brasileiro
Uma pesquisa de opinião realizada pelo Instituto FSB a pedido da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) trouxe algum alívio em meio ao caos ambiental de 2020: a população brasileira não concorda com a destruição da natureza. Segundo a pesquisa, a maioria das pessoas (77%) acredita que é preciso aumentar as áreas de preservação ambiental e, para 93%, preservar a Amazônia é fundamental para a economia. Para 47% dos entrevistados, a maior ameaça ao ambiente são as queimadas -- para quem mora na região amazônica, esse percentual é de 54%. Em segundo lugar, vem o desmatamento, com 16%. O brasileiro também acredita que os índios e ribeirinhos, seguido das ONGs, são os que mais tomam atitudes para preservar a floresta. Para a CNI, o dado que mais chamou a atenção foi o de que 95% dos pesquisados acreditam que é possível proteger e desenvolver a Amazônia ao mesmo tempo.
Na mesma pesquisa, os avaliadores detectaram ainda que 78% dos brasileiros sentem um alto grau de orgulho em relação à Amazônia.
Dezembro: se essa árvore falasse
Este mês foi confirmada a descoberta do maior e mais antigo exemplar sobrevivente de Pau-Brasil, ou Ibirapitanga (árvore vermelha), seu nome original tupi. A árvore tem idade calculada entre 500 e 600 anos, ou seja, contemporânea do princípio da colonização que praticamente extinguiu a espécie, e tem 40 metros de altura e um tronco de 7,13 metros de circunferência. Esse verdadeiro exemplo de resiliência, classificado mesmo como "um milagre" pelo biólogo que a identificou, Ricardo Cardim, está localizado em Itamaraju, no Sul da Bahia, dentro de uma comunidade tradicional, ao lado de outras companheiras gigantes, como Jequitibás e Sapucaias.
Como uma árvore tão antiga, tão valiosa e perfeitamente saudável mesmo sendo uma anciã sobreviveu a uma cultura de destruição, estando a poucos quilômetros de uma rodovia? O agricultor Manoel de Jesus, o morador da comunidade que descobriu o exemplar há 6 anos, dá uma pista: "tenho um tesourinho verde da natureza" disse orgulhoso após a confirmação da espécie e da antiguidade da planta. Orgulho, cuidado, respeito com a natureza e a consciência de que a floresta viva é o verdadeiro tesouro - essa fórmula tem tudo para nos dar anos novos muito felizes. Fonte: Climatempo
Em todo estado, 53 mortes foram registradas em decorrência dos sucessivos temporais daquele mês. Na capital, foram 13 vítimas. Quase a totalidade das vidas perdidas eram de moradores de habitações precárias em áreas de encostas, mostrando mais uma vez que os mais afetados por problemas ambientais no Brasil são os mais pobres.
Nos outros estados do Sudeste, as águas de janeiro também deixaram estragos. No Espírito Santo, o segundo mais afetado, 9 pessoas morreram em decorrência dos temporais e quase 9 mil ficaram desabrigadas. Os extremos de chuva estão apresentando tendência de aumento no país, e as cidades brasileiras ainda não estão minimamente preparadas para proteger sua população.
Fevereiro: água podre
Imagine que alguém te ofereça um copo de água contaminada. Agora imagine que quem está oferecendo esse copo de água venenosa é o próprio poder público? Foi exatamente essa situação absurda que os cariocas viveram em fevereiro deste ano. As águas do Rio Guandu, que abastece a cidade do Rio de Janeiro, foram contaminadas com Metil-Isoborneol (composto orgânico produzido por micro-organismos e que indica a presença de esgoto, inicialmente confundido com geosmina), e poluição industrial, deixando vários habitantes doentes.
Pesquisadores apontaram como causas da poluição a falta de saneamento básico em toda região da bacia do Rio Guandu. O Ministério Público do Rio De Janeiro abriu uma investigação, mas ninguém foi responsabilizado. Um termo de ajuste de conduta foi celebrado pelo órgão com a Cedae, companhia de abastecimento da cidade, mas a empresa não fez os investimentos necessários em tratamento de esgoto para impedir que o problema voltasse no próximo verão. Esse verdadeiro crime contra a saúde pública acabou sendo esquecido pela chegada ao país do novo coronavírus, e, atualmente, o Rio de Janeiro vive outra crise hídrica, dessa vez por falta de água em diferentes bairros.
Março: pausa na poluição
Em todo mundo, a poluição caiu drasticamente por conta dos lockdowns decorrentes da pandemia de COVID-19, paralisando indústrias poluentes e retirando os carros de circulação. Essa primeira percepção de queda da contaminação do ar foi mais tarde confirmada por um estudo que fez um levantamento das emissões anuais do planeta. Segundo essa pesquisa, as estimativas feitas até novembro apontavam para uma queda de 7% das emissões em relação a 2019 - 2,4 bilhões de toneladas de monóxido de carbono (CO2) a menos jogadas na atmosfera. O infográfico abaixo foi feito pelos autores do estudo para mostrar o choque de queda de emissões (quando os mapas dos países ficam em azul mais claro) no mês de março, que foi ao longo do ano sendo anulado.
Mas essa queda temporária não teve nenhum efeito sobre as mudanças climáticas. Funciona assim: o CO2 que é emitido hoje permanece na atmosfera por até 200 anos e nos oceanos por ainda mais tempo. Isso significa que os gases que estão elevando a temperatura da Terra nos dias atuais foram emitidos muitos anos antes (uma boa parte vem do início da revolução industrial, quando se queimava muito carvão). A Organização Meteorológica Internacional (WMO) fez esse alerta em novembro, por meio do seu Boletim de Gases de Efeito Estufa, ressaltando que as paralisações causadas pela COVID-19 não achataram a curva de emissões, que no acumulado até aumentaram este ano.
Abril: desmatamento recorde
171% de aumento no desmatamento da Amazônia em relação ao mesmo mês em 2019 -- que já havia sido alto. Até aquele momento, esse tinha sido o maior aumento de desflorestamento dos últimos 10 anos - 529 km² desmatados, um terço somente no Pará. Esses dados foram calculados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que contrastam com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que é ligado ao governo federal. Segundo o INPE, foram na verdade 63,75% de aumento em comparação com abril de 2019, o que significa desflorestação de 405,6 km² de Floresta Amazônica. Em qualquer uma das medições, a conclusão é a mesma: o maior tesouro biológico do Brasil está sendo rapidamente devorado.
Maio: grilagem não!
Um projeto de lei (PL 2633) e uma medida provisória (MP 910) foram apresentados naquele mês para tentar legalizar terras públicas que foram invadidas, a chamada grilagem de terras, principal indutora do desmatamento. Mas a sociedade brasileira disse não. Após uma intensa pressão nas redes sociais, e até o envolvimento de artistas, como a cantora Anitta, a modelo Gisele Bündchen e o fotógrafo Sebastião Salgado, os parlamentares barraram a proposta. Ufa!
Junho: gafanhotos
Em meio a tantas crises ambientais, uma perigosa nuvem de gafanhotos se aproximou do Sul do Brasil em junho, ameaçando a vegetação nativa, a produção de grãos e o pasto que alimenta os rebanhos bovinos, como já tinha ocorrido na Argentina. Os dois países conseguiram frear os insetos, mas usando uma quantidade extra de agrotóxicos.
Os fatores que levam ao surgimento de nuvens de gafanhotos na América do Sul ainda não estão totalmente claros, mas os cientistas apontam as grandes lavouras de monocultura como o principal indutor porque concentram grandes quantidades de alimento para os gafanhotos num único lugar e eliminam competidores e inimigos naturais.
Julho: inferno no Pantanal
Foi neste mês que começaram os incêndios que levaram à destruição de 29% do Pantanal, maior área de vegetação alagada do mundo. Os pesquisadores ainda não conseguiram calcular o prejuízo ambiental gerado e estudam um método para reflorestamento da região. As fotos de animais carbonizados -- jacarés, macacos, onças, aves, cobras -- rodaram o mundo e chocaram lideranças e cidadãos em toda a parte.
Em todo estado, estima-se que mais de 2 mil famílias quilombolas, pantaneiras e indígenas ainda sofram o impacto, como perda de lavouras e diminuição de peixes. Quatro fazendeiros foram indiciados pela Polícia Federal pelo início das queimadas na região da Serra do Amolar, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. O inquérito foi enviado ao Ministério Público Federal (MPF) e ainda não houve conclusão.
Agosto: sobrecarga
No dia 22 de agosto foi o dia da sobrecarga da Terra. Isso significa que a humanidade atingiu o limite de recursos que o planeta pode repor no período de um ano e vários meses antes do ano acabar. Essa data é calculada e divulgada anualmente, e o limite tem ficado cada vez mais próximo do começo do ano -- ainda que em 2020 o mundo tenha ganhado três semanas extras por conta da paralisação econômica em decorrência da pandemia.
Setembro: restingas e manguezais
Uma decisão do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) causou muita polêmica ao tentar legalizar ocupações em área de restinga e manguezais e a queima de resíduos contaminados por agrotóxicos. Como não podia deixar de ser, houve repercussão muito negativa e ações foram levadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), que reverteu as medidas em relação às restingas e aos manguezais porque elas são inconstitucionais. Já a permissão de queima de embalagens de agrotóxicos continua valendo. Especialistas dizem que a prática pode lançar no ar fuligem e gases tóxicos que são perigosos para a saúde de pessoas e animais.
Outubro: onde há fogo, há muita fumaça
Outubro registrou 17.326 focos de queimada na maior floresta tropical do mundo, o que corresponde a mais que o dobro do número de incêndios detectados na Amazônia no mesmo mês do ano passado (que já tinha sido recorde). O Pantanal registrou em outubro 2.856 focos de incêndio, o maior número já registrado na história. Os dados são do INPE.
Naquele mesmo mês, tempestades de cinzas decorrentes das queimadas assustaram os brigadistas na região do Pantanal.
Novembro: o melhor do Brasil é o brasileiro
Uma pesquisa de opinião realizada pelo Instituto FSB a pedido da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) trouxe algum alívio em meio ao caos ambiental de 2020: a população brasileira não concorda com a destruição da natureza. Segundo a pesquisa, a maioria das pessoas (77%) acredita que é preciso aumentar as áreas de preservação ambiental e, para 93%, preservar a Amazônia é fundamental para a economia. Para 47% dos entrevistados, a maior ameaça ao ambiente são as queimadas -- para quem mora na região amazônica, esse percentual é de 54%. Em segundo lugar, vem o desmatamento, com 16%. O brasileiro também acredita que os índios e ribeirinhos, seguido das ONGs, são os que mais tomam atitudes para preservar a floresta. Para a CNI, o dado que mais chamou a atenção foi o de que 95% dos pesquisados acreditam que é possível proteger e desenvolver a Amazônia ao mesmo tempo.
Na mesma pesquisa, os avaliadores detectaram ainda que 78% dos brasileiros sentem um alto grau de orgulho em relação à Amazônia.
Dezembro: se essa árvore falasse
Este mês foi confirmada a descoberta do maior e mais antigo exemplar sobrevivente de Pau-Brasil, ou Ibirapitanga (árvore vermelha), seu nome original tupi. A árvore tem idade calculada entre 500 e 600 anos, ou seja, contemporânea do princípio da colonização que praticamente extinguiu a espécie, e tem 40 metros de altura e um tronco de 7,13 metros de circunferência. Esse verdadeiro exemplo de resiliência, classificado mesmo como "um milagre" pelo biólogo que a identificou, Ricardo Cardim, está localizado em Itamaraju, no Sul da Bahia, dentro de uma comunidade tradicional, ao lado de outras companheiras gigantes, como Jequitibás e Sapucaias.
Como uma árvore tão antiga, tão valiosa e perfeitamente saudável mesmo sendo uma anciã sobreviveu a uma cultura de destruição, estando a poucos quilômetros de uma rodovia? O agricultor Manoel de Jesus, o morador da comunidade que descobriu o exemplar há 6 anos, dá uma pista: "tenho um tesourinho verde da natureza" disse orgulhoso após a confirmação da espécie e da antiguidade da planta. Orgulho, cuidado, respeito com a natureza e a consciência de que a floresta viva é o verdadeiro tesouro - essa fórmula tem tudo para nos dar anos novos muito felizes. Fonte: Climatempo
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