Ao contrário do que ocorreu em 2018, quando o WhatsApp foi a rede social preferida, nas eleições municipais deste ano, 2020, a rede que brilhou foi o Twitter. É o que avaliaram diversas pesquisas qualitativas. Adriane Buarque de Holanda, pesquisadora da ESPM Rio, diz: "O debate das eleições municipais se estende no Twitter", "O duelo entre os candidatos continuou na rede".
A última vez que o Twitter havia ficado nessa posição foi em 2012 (municipais) onde ficou Páreo a páreo com o Facebook, em 2010 dominou, já nas eleições de 2014 e 2016 foi a vez do Facebook ficar com a preferência. Com a chamada "orkutização do facebook" e a facilidade de se propagar fake news pelo WhatsApp, a tendência é que redes sociais como Twitter, Instagram, LinkedIn e YouTube ganhem ainda mais a preferência de candidatos e usuários para as próximas eleições.
A Inteligência Artificial tem sido cada vez mais usada pelos estrategistas políticos, que buscam os algoritmos para definir o público-alvo e o melhor direcionamento das campanhas. Para Adriane, o algoritmo influencia as redes sociais de duas formas: ajudando a entender o debate político, ao mesmo tempo em que polariza as opiniões. A pesquisadora cita a rede de ódio que surgiu na última eleição para presidente nos Estados Unidos, entre Donald Trump e Joe Biden. Por conta disso, Facebook, Google e Twitter foram duramente criticados e questionados por senadores no Congresso dos Estados Unidos por abuso de poder e ausência de imparcialidade.
Consideradas veículos de mídia, as plataformas começam a se responsabilizar em relação às chamadas fake news, ou notícias falsas. "Nas eleições de 2018, mapeamos os algoritmos para ver como os robôs foram usados e houve grande disparo de fake news e de deepfakes", diz Adriane. "Na época, as plataformas não tinham como bloquear essas notícias falsas. Mas hoje isso é possível".
Outra estratégia bastante usada nesta eleição municipal foi o uso de lives dos candidatos ou de lives promovidas por influenciadores para dar apoio aos candidatos. A live de Felipe Neto e Guilherme Boulos, candidato à prefeitura de São Paulo, jogando o game Among Us, teve mais de 500 000 visualizações no YouTube, somente nas primeiras horas.
Já o Tik Tok, aplicativo muito utilizado entre o público jovem, foi pouco explorado pelos candidatos e houve mais vídeos de posicionamento político vindo dos próprios usuários. "Os estrategistas evitam redes que não têm a ver com o candidato", diz Adriane. "O Twitter fala com mais gente e por isso foi a rede preferida". Além disso, ainda não se sabe se essa rede social é mais uma "modinha" ou se veio para ficar, por isso os estrategistas preferiram não gastar "energia" com ela nestas eleições.
Adriane também destaca as plataformas de crowdfunding para financiamento das campanhas. "Foram interessantes para igualar o jogo político de pequenos partidos, em que a verba é reduzida".
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