Atores: Izabela Nascente, Adriana Brito e Lázaro Tuim |
No seu 25º aniversário, a Cia de Teatro Nu Escuro estreia o espetáculo “Barbas”
Companhia vai apresentar o mais novo trabalho em formato de websérie, com quatro episódios
O grotesco se encontra com o teatro de animação, o riso questiona a tragédia, os bonecos se alinham aos atores-manipuladores em cena e a autoficção é compartilhada com sentimentos universais em “Barbas”. O 16º espetáculo da cia Nu Escuro terá sua estreia no dia 3 de julho, às 20h no canal do YouTube da cia no formato de websérie
Serão quatro episódios que contarão a história de Marabel, uma menina de 11 anos que tinha como costume arrancar os pelos que apareciam no queixo de sua mãe e colocá-los em uma pequena caixinha, enquanto ouvia as inúmeras histórias contadas por ela. Dirigido por Izabela Nascente e produzido ao longo do último ano, o espetáculo Barbas aborda a aceitação da morte e a depressão. Esta é a última ação do projeto homônimo, que conta com fomento do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás.
Os outros três episódios serão exibidos nos dias 7, 10 e 14 de julho. A companhia ainda oferece uma agenda de atividades para compartilhar o processo de produção desse trabalho com o público. Está disponível no site da companhia, AQUI, uma exposição com fotos que retratam a execução desse trabalho.
Nesta quarta, dia 30 de junho, será lançado o documentário que registrou todas as etapas do processo de “Barbas”, à 20h, no canal do YouTube da Cia. Nos dias 5, 12 e 17 de julho também às 20 horas, a Nu Escuro ainda oferece lives no Instagram com integrantes da companhia e convidados que vão refletir sobre os temas abordados pelo espetáculo.
O espetáculo
Em cena, Izabela Nascente, Adriana Brito e Lázaro Tuim contam a rotina de Marabel, uma menina em plena fase de descobertas sobre a vida, seus medos, prazeres, vergonhas, e tudo mais que há para saber. Um dia, porém, esse cotidiano é abruptamente quebrado pela morte de sua irmã.
O espetáculo
Em cena, Izabela Nascente, Adriana Brito e Lázaro Tuim contam a rotina de Marabel, uma menina em plena fase de descobertas sobre a vida, seus medos, prazeres, vergonhas, e tudo mais que há para saber. Um dia, porém, esse cotidiano é abruptamente quebrado pela morte de sua irmã.
Marabel vê sua mãe adoecer e quando menos espera ela também se percebe entrando em um profundo estado de tristeza, de desânimo, de melancolia. Abatida, então, pela depressão, a menina, em busca de refúgio, se transporta para um lugar muito diferente. Algo que poderia ser entendido como uma outra dimensão. Um local que outrora foi chamado de Freak, ou, em português, aberrações, onde tudo lhe parecia mais bonito e interessante.
Lá ela encontra uma personagem chamada Julia Pastrana, que lhe apresenta uma nova forma de olhar o mundo, com corpos e ideias desviantes. Um jeito de ser e de existir, que para aquela comunidade era muito mais artístico, divertido e feliz, do que o universo de onde vinha a tal menina. Decorridas as novas experiências, e transformada também em uma das artistas deste mundo imaginado, Marabel decide voltar para casa e mostrar o que ela viu e aprendeu. A jovem, então, com muitas trapalhadas cênicas, consegue tirar um sorriso do rosto cheio de pelos de sua mãe. Naquele instante, o cotidiano adquire alguma leveza, e os olhos de Marabel podem novamente contemplar a perspectiva de alguma felicidade.
Pesquisa, identidade e pandemia
O novo espetáculo da companhia goiana que já acumula 25 anos de estrada nasce a partir de três pilares: de uma pesquisa de oito anos e histórias de vida de Izabela Nascente; da marca e identidade consolidadas da Nu Escuro; e da reinvenção da companhia, que adaptou seu fazer artístico em um ano pandêmico.
Por trás de todo trabalho da companhia, há sempre um trabalho de pesquisa de fôlego. O de “Barbas” encontra suas raízes no trabalho de dissertação em Performances Culturais da UFG de Izabela, intitulado “O freak Show e Julia Pastrana”. Nele, a pesquisadora faz uma investigação detalhada sobre Julia Pastrana, uma artista do século XIX que trabalhava em Freak Shows, uma manifestação popular tipicamente grotesca que chocou e divertiu milhões de pessoas durante quase dois séculos. Daí nascem dois roteiros, um deles, o de “Barbas”.
Enquanto Izabela pesquisava, também vivia experiências de perdas e dores que a conduziriam a diálogos entre o que sua personagem vivia e o que ela, em pessoa, testemunhava. Foi assim, nas palavras da diretora, um momento de amadurecimento e descoberta do mundo. Ocorre que o que ela vivia, e também encontrava na vida de Pastrana, não era exclusividade delas. O trabalho de pesquisa de Izabela se encontra com suas próprias histórias familiares, as de Julia Pastrana e também a de tantas mulheres, que tiveram que desvendar o mundo por meio de violências, dores, impedimentos e aprisionamentos.
A diretora ainda pôde encontrar universalidade em sua história, a partir de um trabalho coletivo de dramaturgia feminina, estabelecido com mulheres como Rô Cerqueira, artista das visualidades, cineasta e roteirista; Adriana Cruz, atriz e dramaturga, integrante do grupo In Bust Teatro e Milena Jezenka, empresária, confeiteira e bruxa. “Foi um encontro lindo e elas contribuíram muito. Trouxeram pluralidade e universalidade ao roteiro. Esta história é uma história do cotidiano das mulheres”, compartilha Izabela.
Marca da Nu
Lá ela encontra uma personagem chamada Julia Pastrana, que lhe apresenta uma nova forma de olhar o mundo, com corpos e ideias desviantes. Um jeito de ser e de existir, que para aquela comunidade era muito mais artístico, divertido e feliz, do que o universo de onde vinha a tal menina. Decorridas as novas experiências, e transformada também em uma das artistas deste mundo imaginado, Marabel decide voltar para casa e mostrar o que ela viu e aprendeu. A jovem, então, com muitas trapalhadas cênicas, consegue tirar um sorriso do rosto cheio de pelos de sua mãe. Naquele instante, o cotidiano adquire alguma leveza, e os olhos de Marabel podem novamente contemplar a perspectiva de alguma felicidade.
Pesquisa, identidade e pandemia
O novo espetáculo da companhia goiana que já acumula 25 anos de estrada nasce a partir de três pilares: de uma pesquisa de oito anos e histórias de vida de Izabela Nascente; da marca e identidade consolidadas da Nu Escuro; e da reinvenção da companhia, que adaptou seu fazer artístico em um ano pandêmico.
Por trás de todo trabalho da companhia, há sempre um trabalho de pesquisa de fôlego. O de “Barbas” encontra suas raízes no trabalho de dissertação em Performances Culturais da UFG de Izabela, intitulado “O freak Show e Julia Pastrana”. Nele, a pesquisadora faz uma investigação detalhada sobre Julia Pastrana, uma artista do século XIX que trabalhava em Freak Shows, uma manifestação popular tipicamente grotesca que chocou e divertiu milhões de pessoas durante quase dois séculos. Daí nascem dois roteiros, um deles, o de “Barbas”.
Enquanto Izabela pesquisava, também vivia experiências de perdas e dores que a conduziriam a diálogos entre o que sua personagem vivia e o que ela, em pessoa, testemunhava. Foi assim, nas palavras da diretora, um momento de amadurecimento e descoberta do mundo. Ocorre que o que ela vivia, e também encontrava na vida de Pastrana, não era exclusividade delas. O trabalho de pesquisa de Izabela se encontra com suas próprias histórias familiares, as de Julia Pastrana e também a de tantas mulheres, que tiveram que desvendar o mundo por meio de violências, dores, impedimentos e aprisionamentos.
A diretora ainda pôde encontrar universalidade em sua história, a partir de um trabalho coletivo de dramaturgia feminina, estabelecido com mulheres como Rô Cerqueira, artista das visualidades, cineasta e roteirista; Adriana Cruz, atriz e dramaturga, integrante do grupo In Bust Teatro e Milena Jezenka, empresária, confeiteira e bruxa. “Foi um encontro lindo e elas contribuíram muito. Trouxeram pluralidade e universalidade ao roteiro. Esta história é uma história do cotidiano das mulheres”, compartilha Izabela.
Marca da Nu
“Barbas” tem em seu DNA elementos trabalhados há tantos anos pela Nu Escuro: a linguagem do teatro do grotesco, da animação de bonecos, do riso que questiona a tragédia, da comicidade para lidar com temas sérios e da pesquisa exaustiva que fundamenta tudo em cena. A linguagem do grotesco é conhecida do público em espetáculos como Pitoresca, O Alienista, Carro Caído e, principalmente, O cabra que matou as cabras. Desta vez, a companhia se empenha para trazer outros aspectos desta mesma estética. “Trabalhamos algo mais sombrio, com ligação no Id, ou seja, no inconsciente, e outros elementos que se apresentam a partir do ponto de vista de outro estudioso desta linguagem, Wolfgang Kayser, que a relaciona com o estranho, o não-familiar e o inconsciente”, antecipa a diretora.
Reinventando a arte – A PANDEMIA
Este espetáculo foi montado integralmente em contexto pandêmico, o que significou uma forma completamente nova de trabalho para a Nu Escuro. A companhia também criou esta obra considerando que dificilmente seria um espetáculo estreado como manda a tradição: no teatro, plateia cheia, com muita interação. O contexto pandêmico exigiu que pensassem considerando que, um dia, a obra será performada como todos os outros espetáculos, mas que, inicialmente, teria sua estreia em formato virtual, o que exigiria um formato mais adequado. A Websérie foi a saída.
Serão quatro episódios que, somados, tem a duração de 1 hora e 10 minutos. Nesse novo formato de exibição de um trabalho teatral, o grupo considerou que precisariam de uma boa produção audiovisual e que seria mais interessante trabalhar com episódios mais curtos, que aparentemente têm melhor adesão da audiência, quando se trata de uma apreciação através da tela de um computador, smart tv ou smartphone.
A pandemia também mudou radicalmente a forma de se fazer uma montagem teatral, que geralmente envolve intensos trabalhos presenciais e muitos encontros. Neste novo cenário, o trabalho foi mais setorizado e era Izabela quem circulava por todos os setores. “Ensaiar remotamente é muito ruim. E vivi momentos muito solitários, como, por exemplo, no trabalho de construir as bonecas”, compartilha Izabela. A diretora comenta que a equipe de bonequeiros, formada por Rita Alves, Francisco Guilherme, Marcos Lotufo e a própria diretora, se encontrava para construir juntos os bonecos. Dessa vez, todos os detalhes foram atravessados pelas plataformas digitais, com todos trabalhando de casa.
Segundo os integrantes do grupo, ainda houve mais novidades trazidas pelo formato virtual, como a possibilidade de trabalharem com profissionais de diferentes regiões do país. Neste sentido, contribuíram com a dramaturgia Adriana Cruz, do Pará, e Rô Cerqueira, do Rio de Janeiro. De Salvador (BA), Jarbas Bittencourt fez a trilha sonora; A partir de Belo Horizonte (MG), Aurora Majnoni e Liz Schickte prestaram assessoria para a manipulação dos bonecos; de Pirenópolis (GO), Marcos Lotufo fez o cenário e de Minas Gerais, Aluísio Cavalcante e sua equipe produzem conteúdos para as redes sociais.
O espetáculo ainda lista antigas parcerias goianas, com Marci Dornelas e a Balaio Produções; Junior Oliveira, na iluminação; Fora da Lei, responsável pelo documentário; Layza Vasconcelos, como fotógrafa; Cláudio Livas e Euler Teodósio fizeram os adereços de cena; além da figurinista Naya Violeta, que assina, pela primeira vez, o figurino da companhia. Segundo a trupe, estes foram ganhos que surpreenderam, gerando e fortalecendo novas e velhas redes de trabalho e de afeto.
Reinventando a arte – A PANDEMIA
Este espetáculo foi montado integralmente em contexto pandêmico, o que significou uma forma completamente nova de trabalho para a Nu Escuro. A companhia também criou esta obra considerando que dificilmente seria um espetáculo estreado como manda a tradição: no teatro, plateia cheia, com muita interação. O contexto pandêmico exigiu que pensassem considerando que, um dia, a obra será performada como todos os outros espetáculos, mas que, inicialmente, teria sua estreia em formato virtual, o que exigiria um formato mais adequado. A Websérie foi a saída.
Serão quatro episódios que, somados, tem a duração de 1 hora e 10 minutos. Nesse novo formato de exibição de um trabalho teatral, o grupo considerou que precisariam de uma boa produção audiovisual e que seria mais interessante trabalhar com episódios mais curtos, que aparentemente têm melhor adesão da audiência, quando se trata de uma apreciação através da tela de um computador, smart tv ou smartphone.
A pandemia também mudou radicalmente a forma de se fazer uma montagem teatral, que geralmente envolve intensos trabalhos presenciais e muitos encontros. Neste novo cenário, o trabalho foi mais setorizado e era Izabela quem circulava por todos os setores. “Ensaiar remotamente é muito ruim. E vivi momentos muito solitários, como, por exemplo, no trabalho de construir as bonecas”, compartilha Izabela. A diretora comenta que a equipe de bonequeiros, formada por Rita Alves, Francisco Guilherme, Marcos Lotufo e a própria diretora, se encontrava para construir juntos os bonecos. Dessa vez, todos os detalhes foram atravessados pelas plataformas digitais, com todos trabalhando de casa.
Segundo os integrantes do grupo, ainda houve mais novidades trazidas pelo formato virtual, como a possibilidade de trabalharem com profissionais de diferentes regiões do país. Neste sentido, contribuíram com a dramaturgia Adriana Cruz, do Pará, e Rô Cerqueira, do Rio de Janeiro. De Salvador (BA), Jarbas Bittencourt fez a trilha sonora; A partir de Belo Horizonte (MG), Aurora Majnoni e Liz Schickte prestaram assessoria para a manipulação dos bonecos; de Pirenópolis (GO), Marcos Lotufo fez o cenário e de Minas Gerais, Aluísio Cavalcante e sua equipe produzem conteúdos para as redes sociais.
O espetáculo ainda lista antigas parcerias goianas, com Marci Dornelas e a Balaio Produções; Junior Oliveira, na iluminação; Fora da Lei, responsável pelo documentário; Layza Vasconcelos, como fotógrafa; Cláudio Livas e Euler Teodósio fizeram os adereços de cena; além da figurinista Naya Violeta, que assina, pela primeira vez, o figurino da companhia. Segundo a trupe, estes foram ganhos que surpreenderam, gerando e fortalecendo novas e velhas redes de trabalho e de afeto.
Espetáculo “Barbas”, Cia de Teatro Nu Escuro
30 de junho – 4ª feira – 20h
Lançamento do documentário sobre o espetáculo
Pelo Canal do YouTube da Cia Nu Escuro AQUI
3, 7, 10 e 14 de julho – 20h
Estreia dos quatro episódios da websérie do espetáculo BARBAS
Canal do YouTube da Cia Nu Escuro AQUI
5, 12 e 17 de julho – 20h
Lives sobre o espetáculo BARBAS
Instagram da Cia Nu Escuro AQUI
Por Ana Paula Mota - Assessora de Imprensa e Produtora Cultural / Fotos: Layza Vasconcelos
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Conteúdo e Notícias
Lançamento do documentário sobre o espetáculo
Pelo Canal do YouTube da Cia Nu Escuro AQUI
3, 7, 10 e 14 de julho – 20h
Estreia dos quatro episódios da websérie do espetáculo BARBAS
Canal do YouTube da Cia Nu Escuro AQUI
5, 12 e 17 de julho – 20h
Lives sobre o espetáculo BARBAS
Instagram da Cia Nu Escuro AQUI
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