Mês dedicado ao alerta sobre a cegueira traz a miopia como foco, por ter feito vítimas cada vez mais precoces, como jovens e crianças
A miopia pode ser definida como a dificuldade que um indivíduo tem para enxergar de longe. Conforme explica o médico oftalmologista Fernando Pacheco Veríssimo, esta condição ocorre quando o globo ocular é um pouco mais alongado do que o normal ou então a curvatura da córnea é mais curva do que o normal, fazendo com que a imagem seja formada à frente da retina. “Pessoas com miopia podem ter dificuldades, por exemplo, para leitura de placas ou legendas de filmes em cinema, dirigir e reconhecer pessoas”, aponta.
O que tem preocupado os especialistas do mundo todo é o aumento dessa condição, principalmente em jovens com idade entre 10 e 19 anos. Segundo um estudo publicado pela Academia Americana de Oftalmologia, em 2017, há uma estimativa de que até 2050 cerca de 5 bilhões de pessoas apresentará miopia, sendo que 938 milhões de pessoas terão o problema em estágio avançado.
Além disso, durante a pandemia da Covid-19, foi registrado um aumento no número de casos de crianças com diagnóstico de miopia no Brasil. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e foram coletados de abril a junho de 2021 junto a 295 oftalmologistas.
A miopia causa problemas não só devido aos danos diretos à retina, mas também por aumentar o risco de catarata e glaucoma, e em casos extremos, levar à cegueira. E é sobre a saúde ocular que se trata o Abril Marrom, mês dedicado ao tema. Neste ano, um dos direcionamentos da campanha, que alerta sobre a cegueira, é a miopia, que pode fazer vítimas precoces jovens e crianças. E justamente porque estão cada vez mais expostos a telas de dispositivos eletrônicos.
Para 75,6% dos especialistas entrevistados, essa epidemia de casos de miopia tem uma explicação: o aumento na exposição da população, principalmente a infanto-juvenil, às telas dos aparelhos eletrônicos. “Televisão, videogames, smartphones, tablets e computadores possuem uma luz azul chamada de fototoxicidade que, em excesso, pode ser muito prejudicial para a saúde dos olhos e até mesmo para a saúde geral, devido a alteração na produção do hormônio chamado melatonina”, alerta Fernando Veríssimo.
Além disso, devido ao isolamento social, o aumento na quantidade de tempo dentro de ambientes fechados em comparação ao ar livre, também tem contribuído com o crescimento no número de casos de miopia. “Por isso, o recomendado é que se passe menos tempo em frente às telas e tenha mais atividades ao ar livre para auxiliar na redução da progressão da condição”, aconselha o oftalmologista. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também orienta que seja evitada a exposição de menores de dois anos a telas, mesmo que passivamente.
Sintomas e tratamento
Os principais sintomas para identificar a miopia são a visão embaçada e a dificuldade para enxergar de longe, mas é importante ficar atento para alguns outros sintomas, como a dor de cabeça. “A miopia, quando ocasiona dores de cabeça, geralmente está associada ao astigmatismo e à insuficiência de convergência, assim como o hábito de ficar cerrando os olhos”, informa Fernando Veríssimo.
Os óculos ou as lentes de contato melhoram a visão, apesar de não ser um tratamento e sim uma correção enquanto se faz uso. “Dependendo do grau de miopia do paciente, a cirurgia com laser é o mais indicado. Para isso, é realizada uma série de exames solicitados pelo oftalmologista para verificar as características da córnea, pois cada paciente necessita de um cuidado específico”, orienta o médico.
Por Heloisa Sousa / Naiara Gonçalves
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