Afasia: doença que afastou Bruce Willis do cinema


Neurologista explica sobre doença que afeta habilidades cognitivas da pessoa, como falar, se expressar e compreender o que o outro diz


O ator de Hollywood Bruce Willis, de 67 anos, foi diagnosticado com afasia e anunciou seu afastamento dos trabalhos em março. O comunicado, assinado pelas filhas; pela atual esposa, Emma Heming; e pela ex, Demi Moore, afirma que as habilidades cognitivas do artista foram afetadas.

A afasia provoca alterações neurológicas, em quadros caracterizados por alteração na linguagem, na maneira de se expressar e interpretar as coisas.

De acordo com o médico Daniel Isoni Martins, coordenador de Neurologia do Hospital Mater Dei Betim-Contagem, a afasia pode surgir subitamente e por variadas razões. “Ela pode aparecer depois de o paciente ter um acidente vascular cerebral (AVC), comprometendo a fala da pessoa; pode ser consequência de infecções no cérebro, como meningite, encefalite, fungos, bactérias e vírus, impactando as expressões e a forma da pessoa compreender o outro; e ainda ser resultado de quadros demenciais, que chamamos de afasia primariamente progressiva, que surgem, geralmente, depois dos 60 anos”, explica.

Segundo Daniel Isoni, não foi divulgada a característica da afasia do ator, mas, de acordo com as informações gerais, ele acredita num quadro demencial, de afasia primariamente progressiva, no qual o paciente vai “involuindo” de tudo o que aprendeu ao longo da vida. Ou seja, o portador desta disfunção passa a não compreender com clareza o que as pessoas falam; a ter dificuldade em se expressar, de formar frases e de dar nome às coisas; e passa, também, a falar coisas sem sentido, além de não conseguir escrever. “A questão neurológica afeta uma área do cérebro que cuida do entendimento e compreensão das coisas. O paciente passa a não entender o sentido de algo que lhe é dito ou do que lê, por exemplo”.

Tratamento e prevenção

Sobre o tratamento, o neurologista explica que primeiro tudo vai depender do que causou a afasia. Se for um AVC, de imediato o paciente precisa ter atendimento no pronto-socorro, pois há medicamentos administrados por via venosa para desentupir a artéria causadora do derrame. Se for um tumor, é necessário operar; se há infecção no cérebro por vírus, bactéria ou fungo, trata-se com medicamentos.

Já os casos neurológicos demenciais são mais complexos, pois não há um tratamento medicamentoso disponível. O que as equipes que trabalham em caráter multidisciplinar recomendam é a reabilitação com neuropsicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, que programam um planejamento completo para os cuidados com o paciente”, diz.

No âmbito da prevenção, Daniel Isoni diz que praticar novas atividades é fundamental para a saúde do cérebro, principalmente para ativar a memória e produzir novas sinapses. “As atividades intelectuais, como ler, ouvir música, aprender novos idiomas, são exemplos de estímulos interessantes para o cérebro se manter ativo. Manter cuidados básicos com a saúde também é importante para se prevenir contra esta disfunção, como cuidar da pressão alta, evitar que a glicose suba, assim como os níveis de colesterol. Todos esses cuidados refletem na saúde do cérebro”, complementa.
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