Grupo musical goiano compartilha o trabalho que está na base da oficina “Lixo ritmado, batuque reciclado” nesta sexta-feira,16/9. Trata-se de uma cartilha em que o grupo expõe uma síntese dos conteúdos, técnicas e processos utilizados em sua prática de concepção, formação e consolidação de blocos de percussão
O grupo Vida Seca lança também um catálogo com os instrumentos utilizados nos shows e oficinas. O material é destinado a professores, estudantes de diferentes linguagens artísticas e artistas. O lançamento será no Instagram do grupo e o link para baixar gratuitamente o material ficará disponível nesta mesma plataforma. Esta ação encerra o ProvocaSom, projeto de manutenção do grupo, que contou com apoio do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás.
A cartilha apresenta um planejamento, ensina dinâmicas, brincadeiras, percussões corporais, ritmos e como fazer instrumentos a partir de materiais descartados. Trata-se, assim, de uma plataforma pedagógica que funciona como processo de iniciação musical e guia a formação de bloco de percussão com instrumentos construídos a partir da sucata. O integrante Ricardo Roqueto comenta sobre a motivação em fazer esse material. “Por mais de uma década a gente conduziu diversos trabalhos de formação musical, com o foco em crianças e jovens, em que, além de formar blocos, ensinava sobre a construção de instrumentos básicos de percussão, como tambores, chocalhos e triângulos. A formação sempre veio acompanhada de uma ampla discussão sobre a origem dos materiais utilizados, estimulando a reflexão sobre a forma de viver e produzir em sociedade. É uma alegria para o grupo poder sistematizar e compartilhar esse processo de anos em um material acessível a todos”, diz o músico.
Já o catálogo apresenta os instrumentos que o grupo utiliza nos shows, tanto aqueles utilizados pelo Vida Seca desde o início de sua trajetória, até os mais recentes, construídos na oficina com Márcio Vieira: o Oslatão, presente dele para o grupo, além da comarimba e do microxilo. “Nesse catálogo a gente apresenta as diferenças entre os instrumentos: temos aqueles que são o objeto em si, sem intervenções, e outros que passam por todo um processo complexo de construção”, comenta Roqueto.
Chocalhos |
Instrumentos para bloco |
Tambor |
Histórico
O grupo Vida Seca nasceu de um bloco de percussão chamado Bloco do Lixo, que surgiu no contexto de manifestações estudantis no ano de 2002 em Goiânia. O Bloco do Lixo era composto por pessoas de formações diversas e foi um laboratório musical que, por meio de oficinas oferecidas pelos próprios integrantes, vivenciou diversos saberes e práticas relacionadas à música. “Essas primeiras oficinas serviram de base para desenvolver um método pedagógico musical ativo, baseado na pesquisa da sucata, de instrumentos não convencionais, da percussão corporal, da teoria musical e de diversos tipos de conteúdos educacionais para a música. Esse método foi aplicado e aprimorado durante os quase 20 anos de experiência que temos em diversas iniciativas de formação de blocos de percussão”, comenta Igor Zargov, outro integrante.
ProvocaSom
Entre os meses de julho e setembro o Grupo Vida Seca compartilhou com o público uma agenda de atividades em que, ao mesmo tempo, aprimorou seu próprio trabalho de pesquisa musical e criação de instrumentos a partir de materiais descartados e ampliou o acesso do público a esse universo com o projeto ProvocaSom. A programação teve início em julho com uma oficina de construção de instrumentos conduzida pelo artista mestre em lutheria Márcio Vieira, em Pirenópolis. No mesmo mês, Vida Seca imergiu numa formação com o luthier para aprimorar os conhecimentos sobre construção de instrumentos.
Em agosto o grupo realizou dois shows, gratuitos, no Teatro do IFG, apresentando novo repertório e a “comarimba” e o “microxilo”, instrumentos confeccionados durante a residência com Márcio Vieira. Ainda em agosto, o grupo ofereceu a oficina de percussão “lixo ritmado, batuque reciclado” na Praça Universitária em Goiânia.
O grupo
O grupo Vida Seca desenvolve desde 2004 um trabalho pioneiro em Goiás em que pesquisa e cria instrumentos com materiais descartados e alternativos. Com os integrantes Danilo Rosolem, Igor Zargov, Ricardo Roqueto e Thiago Verano, latas de tinta, de óleo lubrificante e pedaços de calha para fiação elétrica se tornam uma bateria, ou melhor, uma sucateria. Teclas de porcelanato se tornam uma marimba, ou um porcelanotofone. Mangueiras e funis se transformam em um instrumento de sopro. Trata-se de uma longa trajetória de pesquisa em luthieria contemporânea em que o grupo construiu e criou diversos instrumentos, partindo de ideias originais ou de pesquisas de trabalhos já existentes, montando um acervo instrumental único no estado. Este trabalho resultou num acervo instrumental diferenciado e de sonoridade particular, com o qual criou um repertório de música autoral influenciada por musicalidades experimentais e populares.
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