Cia Catavento está com inscrições abertas para formação ampliada de artistas de circo, em Goiânia


Projeto voltado para jovens e adultos oferece bolsas mensais e auxílio-criação. As inscrições seguem até 30 de novembro


Companhia circense goiana oferece oportunidade para artistas de todo o Brasil interessados em ampliar formação profissional de forma gratuita. Esta é a quarta edição do Núcleo de Formação Ampliada para o Artista de Circo (NUFAAC), oferecido pela Cia Catavento, que recebe inscrições até o dia 30 de novembro. Para isso, os interessados devem preencher o formulário eletrônico disponibilizado no site da Companhia: www.ciacatavento.com.br.

O projeto oferece dez vagas e podem se inscrever jovens e adultos, acima de 17 anos, que tenham experiência com circo, dança, ginástica, teatro ou música. Pela primeira vez o projeto oferece bolsas de estudo aos dez selecionados, no valor de R$ 750 mensais, além de uma verba de R$ 2 mil de auxílio-criação para os espetáculos de encerramento do curso. O NUFAAC é um projeto de formação que conta com apoio da Lei Goyazes.

O curso acontecerá na sede da Cia Catavento, em Goiânia, e terá duração de dez meses, com encontros diários, pelas manhãs, de segunda a sexta-feira. Com 1.330 horas de formação, as aulas começam dia 22 de janeiro e seguem até 24 de novembro de 2024. Serão oferecidas 17 disciplinas em três grandes áreas: artes do circo, artes da cena e teóricas. Para isso, o curso conta com uma equipe composta de 18 professores e professoras especializados. Entre eles, Felipe Nicknig (professor, diretor e idealizador do NUFAAC), Rodrigo Mallet, Diego Esteves, Daniel de Carvalho Lopes (pesquisador de circo), João Paulo Simão (grupo Barbatuques), Diocélio Batista Barbosa (pesquisador e dramaturgista), Diogo Machado Granato, entre outros.

Além do curso, o projeto ainda oferece outras atividades. Os alunos terão residências de jogos do artista (palhaço), com Esio Magalhães Pereira; de dança (contato e improvisação), com Diogo Granato; de introdução musical e musicalidade, com João Paulo Simão; de dramaturgia, com Diocélio Barbosa e de teatro físico (mímica), com o mímico Miquéias. O NUFAAC também abre as portas para outros estudantes e público em geral ao oferecer três oficinas e uma mostra cultural de três dias, gratuita e aberta ao público, com obras criadas pelos formandos.


As disciplinas ofertadas pelo NUFAAC são voltadas para a especialidade circense, como acrobacias de solo e parada de mãos. Também haverá aulas sobre a história do circo, do corpo, elaboração de projetos culturais e de gestão. A criação também está no centro do curso, com disciplinas sobre pesquisa, dramaturgia, jogos do ator e introdução musical, por exemplo. A escolha desses temas passa pela necessidade de atender às demandas do artista de circo contemporâneo, que vive uma ampliação dos espaços de atuação, e que deve ser cada vez mais capaz de dialogar com outras artes. Para receber o certificado, o inscrito deverá ser aprovado em todas as disciplinas, apresentar projeto pessoal (que envolve criação e pesquisa) e ter frequência mínima de 75%.


Fora do eixo


Esta será a quarta turma do NUFAAC, depois de exitosas experiências em 2017, 2018 e 2020. Na última formação, o projeto recebeu 40 inscrições de diferentes estados e também de outros países, como Venezuela e Colômbia. O diretor da Companhia Catavento, Felipe Nicknig, comenta sobre a importância de ter uma iniciativa de formação no centro do país, que escapa do eixo Rio/São Paulo, além de ser um lugar central estratégico para atender diferentes regiões brasileiras. “Desde a primeira edição o NUFAAC chegou com força total, atraindo pessoas de outros estados, inclusive do Sudeste, além de contemplar artistas de Goiás”, compartilha o diretor.

Ele indica como alguns alunos que passaram por essa formação acabaram selecionados em grandes escolas, como a Escola Nacional de Circo. Outros aprovaram projetos culturais em editais ou passaram a fazer parte de companhias ou grandes grupos. Além disso, desde a primeira edição, o NUFAAC já teve três alunos aprovados na ESAC (École Supérieure des Arts du Cirque da Bélgica). “Essas trajetórias de quem passa pelo Núcleo expressam como este projeto tem sido um grande propulsor de carreiras artísticas dentro do circo”, comenta Nicknig.

Cia Catavento

A Catavento Companhia Circense se ocupa com o trabalho de investigação, formação, experimentação e criação orientadas pelas perguntas que compõem o atual cenário do artista de circo. Essas perguntas tangenciam questões estéticas e políticas e, por isso, a companhia se move pelos dilemas e desafios que atravessam nossos tempos, buscando significados, olhares e formas capazes de estabelecer comunicação e diálogo com o público.

A companhia já realizou mais de 40 workshops de aéreos dinâmicos por todo o país, além de apresentar desde 2013, espetáculos de final de ano com alunos e alunas que passaram por formação. Entre os trabalhos da companhia, destaca-se a 1º Mostra Fora do Eixo, com 13 apresentações idealizadas pelos alunos formandos da primeira turma do NUFAAC, em 2018. O trabalho já rendeu um Troféu Buriti, concedido pelo Conselho Municipal de Cultura de Goiânia em 2018 e um Troféu Jaburu, pelo Conselho Estadual de Cultura e Casa Civil, em 2019. A cia ainda estreou em 2021 o curta metragem inspirado livremente na vida de Cora Coralina, “Atravessar-se”. Por fim, no mesmo ano, estreou “Hi.a.to”, que passou por circulação nacional e agora em 2023 volta com circulação estadual.

Por Ana Paula Mota
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