99% dos casos de câncer de colo do útero são ocasionados pela presença do Papilomavírus Humano, o HPV
O câncer de colo de útero é o terceiro mais incidente entre as mulheres. No Brasil, estima-se que sejam registrados mais de 17 mil novos casos da doença por ano até 2025, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). A doença pode ser diagnosticada a partir de exames de rotina, como o Papanicolau, e tem altas chances de recuperação. Por isso, a prioridade é que o diagnóstico seja dado o mais cedo possível.
A médica ginecologista oncológica e mastologista, Larissa Cunha Morais, do Centro de Oncologia IHG, destaca que certos indícios devem trazer um estado de alerta e podem ser sinais da doença. Entre eles estão sangramento vaginal irregular, especialmente após as relações sexuais; corrimento persistente; dor abdominal constante; dor contínua nas pernas, quadris ou costas; rápida perda de peso; cansaço excessivo e inchaço nas pernas. Ao perceber os sinais, recomenda-se que a paciente procure assistência médica.
De acordo com estudos, 99% dos casos de câncer de colo do útero são ocasionados pela presença do Papilomavírus Humano, o HPV. Chamam atenção os resultados obtidos pelo Ministério da Saúde (MS), que apontam que mais de 75% das mulheres sexualmente ativas entrarão em contato com o vírus ao longo da vida; dessas, 5% irão desenvolver o tumor maligno em um prazo de dois a dez anos.
“Por ser considerado um tumor silencioso, muitas vezes os sinais e sintomas só surgem em cenário de doença avançada, além de não existirem sintomas precisos em relação à doença, já que alguns sinais também estão relacionados a outras doenças ginecológicas”, afirma Larissa Cunha (Foto).
Embora essa estatística seja assustadora, esse é um tipo de câncer que pode ser evitado.
A médica ressalta que é necessário o uso de preservativos nas relações sexuais, vacinação e consultas periódicas. “Os cuidados devem ser seguidos durante o decorrer do ano inteiro”, assegura a ginecologista, apontando que é importante realizar o exame de Papanicolau, já que nele é possível descobrir lesões que podem levar ao desenvolvimento da doença. “Apesar da campanha Março Lilás, em que se promove a importância da prevenção do câncer de colo de útero, os cuidados devem ser seguidos durante o decorrer do ano inteiro”, acrescenta Larissa Cunha, apontando que é importante realizar o exame de Papanicolau periodicamente. “O exame deve ser realizado em mulheres na idade de 25 a 64 anos que já tiveram relações sexuais”, orienta.
As vacinas também são um método efetivo na prevenção da doença, observa o médico oncologista clínico, Gabriel Felipe Santiago (foto), do Centro de Oncologia IHG: “Hoje é possível se imunizar contra o HPV. A vacina deve ser realizada em meninas de 9 a 14 anos no SUS e pacientes de 9 a 45 anos no serviço particular. Se aderida corretamente, a vacina é capaz de prevenir 70% dos cânceres de colo do útero e 90% das verrugas genitais. No entanto, a imunização não tem eficácia para quem já desenvolveu a doença”, alerta.
Ainda de acordo com o MS, em 2022, entre as meninas, a cobertura vacinal contra o HPV alcançou 77,37% na primeira dose. Em 2023, a cobertura aumentou em 30% em todo o território nacional. Os médicos reforçam que a prevenção é a melhor forma de evitar o câncer de colo de útero. No entanto, existem meios para tratar pacientes que já apresentam a doença, como quimioterapia, radioterapia e procedimento cirúrgico. “Os tratamentos medicamentosos, como a imunoterapia, são alternativas inovadoras que auxiliam no combate ao câncer. O desafio está em reduzir a mortalidade e promover qualidade de vida para as pacientes”, ressalta Gabriel Santiago.
Segundo ele, nos últimos anos, houve progressos importantes em cirurgia, com um número crescente de mulheres, mesmo com tumores mais avançados, que podem ser operadas com chance de cura, evolução em cirurgias minimamente invasivas, melhor classificação de cada subtipo da doença, descoberta de marcadores que predizem resultado ao tratamento e outros avanços que propiciam a medicina de precisão e melhor qualidade de vida da mulher em tratamento, como, por exemplo, técnicas de preservação de fertilidade.
Com informações por Naiara Gonçalves
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