Timidez


Às vezes eu fico tímido com a sua timidez
E por vezes perco de vez a sensatez
Enviar um olá, bom dia, boa tarde, talvez...
Mas ai nem sei

Como perco a linha
Desvencilho
Rompo
De vez esta timidez

Que não sei se minha
Se sua ou nossa
Talvez
E então o cumprimentaria de vez.

Não sei por que me desfaço
Do meu jeito louco de ser
Não sei por que me enrasco
No meu tear de vez

E meio que sem sentir
Estou de novo a pensar
Em te dizer
Ficas comigo
Por mais um instante,
Não me deixes desta vez.
E entre os acasos dos dias,
Fico perdido a olhar
Os semblantes vazios.

Entre vielas perdidas,
Acho-me em meio aos escombros.
A te procurar, tentando te achar.
Num dos sombrios olhares a me guiar.

Mas não consigo me achar.
Muito menos te encontrar.
Minha timidez insensata.
Procura uma brecha de ver.
Quem sabe dizer.
E da aurora romper.
Desta vida que há
Graça mais não há.

E de repente você está lá
Em silêncio total, com a lua por testemunha.
Esperando entre voltas a lhe falar
Mas tudo trava, a língua enrola.
As palavras, cadê minha oratória

E um tambor no peito em desordem
As pernas desobedecem
E você e o luar a me espreitar
Com minha timidez a me calar.

Saio como quem nada tinha a dizer
A lua fica como testemunha
E você some sem me beijar
Me deixando na minha insensatez.


Autor: Antonio J. C. Oliveira - Poema de 25 de Abril de 2017. Mais do colunista AQUI

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