Gestor de carreiras afirma que mãe na empresa é diversidade com lucratividade


Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas mostra que, após 24 meses, quase metade das mulheres que tiram licença-maternidade não estão mais presentes no mercado de trabalho. O padrão se repete até mesmo 47 meses depois

A desigualdade social, a falta de flexibilidade no trabalho, a falta de apoio social, o acesso limitado a oportunidades de desenvolvimento profissional e a dupla jornada são alguns desafios enfrentados por mães no mercado de trabalho.

Para o gestor de carreiras, professor universitário e autor do livro Reflexões sobre gestão de carreira, Ricardo Machado, o mundo organizacional é parte da sociedade e é com ela que ele interage e por isso que o comportamento empresarial precisa ficar atento. "É para a sociedade que as empresas vendem seus produtos. Os funcionários da empresa também são da sociedade. O seu mercado de atuação está na sociedade. Assim, estar alinhando com os objetivos, anseios e desejos da comunidade consumidora de seus produtos é fundamental para todas as organizações. E um dos aspectos que mais tem sido debatido como um dos mais urgentes para as empresas é a construção de um ambiente organizacional de total diversidade", observa.

"E reconhecendo que ainda vivemos em um mundo com diversos estigmas que diferem, excluem e segregam diversos grupos sociais, o desafio das organizações ainda é muito grande. Afinal, a começar pela presidência, direção e demais lideranças que foram formadas com visões totalmente desconstruídas atualmente, mas que ainda estão em suas ações e determinações nas organizações. Como por exemplo, a de preferir candidatos homens em diversas situações profissionais. Quando não, privilegiam mulheres sem filhos em suas contratações ou na hora da escolha para cargos de liderança", frisa o gestor de carreiras Ricardo Machado.

E quando uma de suas funcionárias sai de licença maternidade? Existe uma política estabelecida de acolhimento em seu retorno, com uma qualidade e segurança como um “colo de mãe”? "Infelizmente muitas profissionais viram seus postos de trabalho sumirem logo após o período obrigatório garantido por lei para preservação de seus empregos. Muitas, por opção a não prejudicarem suas carreiras, adiaram o momento de ter filhos. Parece que ser mãe é algo que vai contra os objetivos corporativos da empresa. Como se fosse uma postura negativa da funcionária", critica Machado.

Para essa antiga questão, ganha força um conceito que chega com total empoderamento: diversidade. E junto com muitos outros grupos excluídos, as mamães das empresas, começam a perceber, para valer, uma nova visão empresarial. "Felizmente o mundo está realmente mudando. A boa notícia é que é neste sentido é para melhor. Está claro para as organizações que o diverso é sensacional. Muitos grupos devem estar representados dentro do ambiente organizacional. Pessoas de diferentes etnias, gêneros, orientações sexuais, deficiências, religiões ou nacionalidades, têm formado super times que verdadeiramente levam empresas a serem merecidamente rotuladas de organizações que valorizam a diversidade. E dentre tantos grupos, o das mamães que também precisam ser acolhidas", avalia Machado.

Segundo Machado, este posicionamento é uma troca justa com a sociedade. "É uma prática que deixa a empresa 'bem na fotografia' perante a sociedade. Tudo isso e outros possíveis fatores, por si só, já valeriam a pena. Mas a empresa tem lucro com isso? Sim, ela tem lucro com este posicionamento. Apesar de que não deve ser o foco, e sim uma questão de inteligência organizacional. Vejamos: a profissional que virou mãe, assim como os demais colaboradores da empresa, são considerados um capital intelectual da organização. Ou seja, neles, foram investidos muitos valores em treinamento e desenvolvimento de talentos. E isso é investimento que gera lucro. E não despedimos, não jogamos fora o nosso lucro. Não é verdade? Assim, manter a profissional, é evitar que o seu talento seja desperdiçado e surja a necessidade de contratar e treinar outra pessoa", explica.

"Outro aspecto que deve ser considerado, é que o acolhimento da funcionária que agora é mãe de uma criança recém-nascida, quando é feito com total dedicação e atenção, não gera um posicionamento positivo perante apenas a funcionária e a sociedade. Mas perante todos os demais trabalhadores da organização. Demonstra para todos os outros grupos de pessoas que se sintam pertencentes aos demais grupos que culturalmente são excluídos em nossa sociedade, que ali naquela organização, eles também são valorizados e são acolhidos pela política da empresa. Então, lideranças organizacionais, fiquem atentos ao choro do bebê. Pois mamãe bem acolhida na empresa é um símbolo de diversidade. E isso é lucro para a organização" conclui Machado.


Assessoria de Imprensa Fernando Fraga
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