Gente a Vida realmente é uma caixinha de surpresas. Lembrei-me de quando menino ia na vendinha e olhava a vitrine de doces na mercearia da esquina de casa, querendo a todo custo saber o que tinha naquelas caixinhas de surpresas...
Uma vitrine parecendo uma grande cômoda de madeira maciça expondo suas iguarias através de seu lindo painel "o vidro" límpido, brilhoso a separar a exposição do desejo e do querer, com doces de coração com cor de batata doce, de abobora, maria mole de coco, geleia de mocotó que nunca tive vontade, porque achava que era do mocotó da gente, mas tinha muitos outros, entretanto eu sentia o cheiro das frutas e guloseimas identificando um a um os aromas que chegavam até meu sofisticado olfato.
Mas o que mais me chamava a atenção eram as caixinhas de surpresa coloridas de cores únicas ou mescladas, eu pensava em juntar algum trocado, com as gorjetas que recebia levando recados para a vizinhança do cortiço, e também contar com a sorte em achar moedas perdidas ao longo de meus trajetos, pois sempre andava feito serelepe mas mesmo assim obstinado, a fim de buscar minha caixinha.
Porém caso eu conseguisse aquele montante ainda assim tinha medo de não achar a surpresa pois sabia que numa delas teria um anel, o qual era o meu desejo para dar de presente a uma princesa, que era alva feita a Branca de Neve de Walt Disney com seu vestidos longos e rodados.
Ah e ela me cortejada, se eu passasse do outro lado da rua ela me chamava, eu me aproximava, ela com sua elegância abaixava quase que de joelhos para conversar comigo, dava uma bala então ficava em êxtase de alegria, após este pequeno encontro saia flutuando em meu percurso, feito uma pipa no ar.
Ah e o anel era para retribuir ao carinho e tão nobre cortejo daquela princesa que me afagava meu longos cabelos e meu pequeno coração que se avolumava dentro do peito a ponto de não caber dentro de mim e afinal deveria retribuir com cavalheirismo e elegância tamanha consideração e carinho.
Cresci e cá estou e a vida é uma caixinha de surpresas umas boas outras nem tanto assim, mas as vezes precisamos desacelerar e olhar mais para dentro de nós e ver o que estamos fazendo de nossos dias, sobrevivendo e deixando o tempo passar somente, ou sobrevivendo e deixando o tempo passar e passando junto tão acelerado quanto, que não olha nada ao redor.
Confesso que não gosto muito de me deparar com a maioria das surpresas, pois a vitrine está posta, é a vida e romper é o que nos resta. Contudo todos os dias ainda hão os milagres a nos contemplar de forma sutil ao abrir e sentir que estamos respirando.
Precisamos dar um tempo, relaxar, segurar a onda senão vc é parado a qualquer custo, mas é difícil segurar o rompante e desacelerar, ver uma revoada de gralhas pela cidade por sobre os carros, escutar e admirar o cantar dos pássaros em um fim de tarde, olhar o sol poente, dormir com a lua e as estrelas através da janela e ao amanhecer ter o milagre junto a ti olhando o líquido precioso da vida em seu estômago abrir as portas e dar bom dia ao nascente.
Essa caixinha de Surpresa é a vida ao romper da aurora. A vida é um Milagre, gratidão aos Cosmos!
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