Pelo menos sete das 11 entidades que estão sendo investigadas pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU) foram denunciadas no Procon de Rondonópolis por descontos indevidos nas contas bancárias de aposentados e pensionistas. O levantamento se refere ao último mês de março
Além das associações e sindicatos que se diziam autorizados pelas vítimas, as instituições financeiras (bancos) que faziam os descontos também foram denunciadas. Os descontos geralmente eram pequenos, porém recorrentes. Em março, associações e sindicatos foram denunciados por idosos e pensionistas em grande quantidade. As reclamações referentes a descontos não autorizados e financiamentos consignados lideram o ranking de registros no Procon neste início de ano.
O escândalo que resultou no desvio de R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) culminou na saída do presidente do instituto, Alessandro Stefanutto, na prisão de suspeitos e na apreensão de bens e dólares. As investigações estão em andamento.
Os alvos dos descontos irregulares são principalmente os aposentados ou pensionistas do INSS e constam como desconto realizado direto da fonte autorizado pelas vítimas em benefícios de associações e sindicatos dessas categorias. Diante do sumiço do dinheiro e da demonstração dos valores debitados em conta, as vítimas devem procurar o Procon, como muitos já fizeram, para denunciarem e tentar reaver o que foi indevidamente descontado, assim como, cessar a continuidade dos débitos na conta.
Idosos são vítimas
Quando a vítima se depara com a redução da aposentadoria ou pensão, o problema nem sempre é simples. No caso dos descontos da mensalidade sindical, o processo é feito pelas entidades pelo telefone celular. O representante da entidade faz perguntas aleatórias para o idoso que as responde de forma inocente. Com as respostas, é feita uma gravação que sugere uma contratação com a autorização do desconto. Os valores não são altos e muitas vezes quando percebem a redução do dinheiro recebido, a entidade já conseguiu pegar o dinheiro por vários meses ou mesmo anos.
Devolução em dobro
No Procon é aberta uma reclamação e aberto um processo em que os envolvidos são chamados para fazerem a devolução dos valores descontados indevidamente. Quando fica comprovado que a vítima não tinha autorizado, o caso é tratado como desconto indevido, crime previsto no Código de Defesa do Consumidor (CDC) e quem fez o desconto precisa pagar em dobro o valor retirado indevidamente.
Como fazer a reclamação
Em crimes como este é necessário procurar o banco e o Procon e fazer a reclamação. Para a reclamação no órgão de defesa do consumidor são necessárias cópias dos documentos pessoais; extratos bancários; extrato do MEU INSS, no caso de descontos de parcelas de financiamentos; assim como, cópias de prints de tela de conversas do Whatsapp, do Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) ou da reclamação registrada no chat do aplicativo do banco.
Ambec
Sindnapi/FS (Sindicato Nacional dos Aposentados, onde o vice-presidente é Frei Chico, irmão do presidente Lula)
AAPB
Aapen (anteriormente denominada ABSP)
Contag
AAPPS Universo
Unaspub
Conafer
Adpap Prev (anteriormente denominada Acolher)
ABCB/Amar Brasil
Caap
Como funcionava o esquema
As entidades firmavam convênios com o INSS para aplicar descontos mensais diretamente nos benefícios dos segurados, como se tivessem o consentimento deles. A CGU identificou que, além da falta de autorização, muitas associações não entregaram a documentação exigida e não tinham nem mesmo capacidade operacional para executar os serviços.
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